Eclipse 2023: Transições Luminares

A série fotográfica Eclipse 2023 de Analize Nicolini propõe um diálogo poético entre a vastidão do cosmos e a subjetividade do olhar artístico. Composta por três imagens, intituladas Anular I, II e III, 2023, a série é marcada por uma exploração cromática que transcende a simples documentação do fenômeno astronômico para mergulhar em uma interpretação sensorial e introspectiva.

Capturadas durante um eclipse solar em 30 de agosto de 2023, às 15h30min37s, as imagens foram realizadas utilizando uma Canon EOS 5D Mark IV e uma lente EF 100-400mm f/4.5-5.6L IS II USM. Posteriormente, Analize intensificou a experiência visual por meio da manipulação de tonalidades, temperatura, vibração e saturação, resultando em três atmosferas cromáticas distintas. Cada obra reflete uma abordagem única: Anular I evoca um universo alienígena e utópico, II traz uma suavidade onírica e contemplativa, enquanto III  intensifica o drama e a visceralidade do momento.

A composição das imagens apresenta uma dicotomia fascinante entre o natural e o construído. A Lua, em sua plenitude luminosa, domina o plano superior, enquanto a presença de uma construção geométrica urbana no plano inferior sugere a coexistência entre o eterno e o transitório, o vasto e o cotidiano. O horizonte vazio e a simplicidade minimalista reforçam um senso de isolamento e introspecção, convidando o espectador a refletir sobre sua própria relação com o universo.

Os eclipses, fenômenos carregados de simbolismo, representam transições e transformações — tanto no céu quanto na vida humana. Em Eclipse 2023, Analize utiliza esse momento como metáfora para explorar ciclos de luz, cor e sombra, criando um espaço onde a técnica fotográfica se encontra com a emoção. A série se torna, assim, uma meditação visual sobre o poder evocativo da cor, a vastidão do cosmos e a capacidade da arte de traduzir o imensurável em uma experiência profundamente humana.

 

Por meio de Eclipse 2023, Analize Nicolini reafirma seu fascínio pela Lua e pelo cosmos, oferecendo um convite para que cada espectador contemple a beleza e a impermanência, refletindo tanto sobre o que está além de nós quanto sobre o que habita dentro.